Tuesday, December 2, 2008

INTERESSANTE

O QUE É PRECISO PARA AVALIAR ?
Maria José Nogueira Pinto (Jurista)

Difícil de gerir, difícil de mudar, o sector da Educação temconstituído nas últimas décadas um campo de ensaio de umexperimentalismo infeliz. Como de nove em nove anos hipotecamos umageração, a transformação deste espaço em permanente campo de batalha,num processo de desrazões, constitui hoje a mais cara factura que opaís terá de pagar ao seu próprio futuro. O processo educativo deviaser uma área de tréguas e consensos, poupada à demagogia e aoaproveitamento político-partidário e protegida de visões sectoriais,seja a do ministério ou a da máquina, seja a das corporações ou a dossindicatos, seja a dos pais ou a dos alunos.A avaliação dos professores só faz sentido num sistema que seja capazde se avaliar a si próprio. Quanto vale um bom professor num mausistema? Que causas estão na origem do insucesso escolar ou doabandono precoce da escola que possam caber, exclusivamente, numagrelha de avaliação do desempenho do professor? E que factores semantêm constantes, independentemente da envolvente da escola ou dacaracterização social da sua população?Também não vale a pena querer, no ponto em que nos encontramos,dividir simplisticamente a questão entre aqueles que querem avaliar eaqueles que não querem ser avaliados. Num país onde quase nada éavaliado, onde quase ninguém sofre as consequências dos seus actos(excepto os pobres diabos...), onde se pode deixar, impunemente, falirbancos cuja nacionalização parece um branqueamento, onde a má gestãopública e a incompetência dos decisores políticos não é sequerquantificada economicamente, onde os prémios e outros "estímulos" sãoassumidos como complementos salariais e as despesas de representaçãoservem para pagar hábitos caros, parece aconselhável falar deavaliação com menos retórica e mais bom senso.
Aceite o salutar princípio da avaliação convenhamos que não é desomenos o modelo adoptado. E aqui, interrogo-me como se avaliam osprofessores em Inglaterra ou em Espanha (para referir um país latino)?Será que temos que inventar um sistema de avaliação rigorosamenteportuguês, inequivocamente original e nosso?É que connosco tudo começa com um aumento da carga burocrática que sóserve para desviar os profissionais daquilo que é o seu verdadeiroconteúdo funcional: é assim com os profissionais de saúde imersos empapelada, ou com os agentes de segurança, amarrados, na melhor dashipóteses, a um teclado de computador e é, também, já assim com osprofessores. E a experiência ensina-nos que a burocratização dahabitualidade e do quotidiano tem em si o germen do fracasso. E quemsão os avaliadores? Que perfil devem ter e que capacitação? E quemavalia os avaliadores? E os critérios serão os melhores, e objectivos,como se impõe?Para tudo isto deve haver uma resposta, imagino eu, mas ou não foidada ou não está a ser ouvida. Em qualquer dos casos a situaçãodeteriora-se com a opção da rua como o fórum próprio, a tentativa doGoverno em transformar este protesto numa fuga à avaliação por partedos docentes e, o que me parece mais grave, o permanente desviar dasatenções, energias e recursos da função principal que é a de educar. Eessa é que é a questão. Na batalha campal da avaliação vai-se perdendotempo, razões e a própria perspectiva do que realmente está em causa eque vai muito para além do que se vê: quem não se lembra de como ossucessivos governos caíram na tentação de tapar as deficiências dosistema educativo com o artifício das estatísticas? E doextraordinário estatuto disciplinar do aluno, aprovado no primeiroGoverno de Guterres, que consagrava um aluno visto como um pequenoanimal doméstico mal ensinado e retirava aos professores toda aautoridade, componente essencial da dignidade e eficácia do seu
magistério? E as medidas facilitistas que foram eliminando provas,esforços e méritos? Fraquezas, tentações e erros que estão, agora, apagamento.

Tuesday, November 11, 2008

BOA!

Avaliação dos professores

Opinião de uma advogada
Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.).
Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos.
A carreira seria dividida em duas:
Médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e Médico.

A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc. A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética...
Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos 'especialistas' na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.
A questão é saber se consideram aceitável o modelo?
Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?
Será???!!!
Já agora... Poderiam começar a 'experiência' pela Assembleia da República e pelos (des)governantes

Thursday, November 6, 2008

FINALMENTE...ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DO NOSSO LADO!

Retirei do fórum educare.


Palavras de uma mãe
Estive esta semana, na qualidade de representante dos encarregados de Educação, numa reunião intercalar da turma da minha filha mais velha, que frequenta o 10º ano numa escola pública . Cansada do trabalho, pq a reunião se realizou ao fim do dia, fiquei impressionada com a fragilidade do corpo docente desta turma. Professores empenhados e que têm dado provas sistemáticas de trabalho mto para além das suas obrigações legais. Gd parte dos professores entrou na reunião não mais de 5 min, dp de ter tocado para a saída. Chegaram esbaforidos, carregados de papelada e ainda a arrumar o material da aula q tinham acabado de leccionar. As olheiras eram bem visíseis e percebi que gd parte deles já tinha reunido de manhã bem cedinho, tinham tido aulas durante o resto do dia e ali estavam para dar e receber informações sobre os seus alunos. Percebi que uma das professoras tem mais de 160 alunos, mas fez um esforço suplementar para corrigir os testes, de forma a já ter informações concretas para dar na reunião. Mostrava gd preocupação com os casos de menor sucesso da turma, mas apresentou 1 plano de recuperação mto bem elaborado e exequível. No final da reunião confessou-me que o q a segura é preservar a qualidade do ensino e zelar pelo melhor interesse dos alunos. Esta professora, que é só 1 exemplo entre muitos, explicou como se tenta desdobrar entre a enorme sobrecarga de trabalho a que está sujeita e os seus 3 filhos, tb em idade escolar. Para ser sincera fiquei com receio (pq esta docente está a fazer 1 bom trabalho) que ela não resista até ao fim do ano. Essa sensação repetia-se no olhar triste e desanimado de mtos outros professores. Como psicóloga apercebi-me que esta classe foi realmente bombardeada com ataques em todas as frentes. Percebi que o trabalharem para os alunos é feito com grande entusiasmo, é todo o trabalho burocrático que os asfixia e o problema da avaliação passa mto por aí e pela sensação de grande injustiça que os avassala. Informada de todas estas questões, indignada com este novo estatuto dos alunos (sobretudo no q diz respeito ao regime de faltas) e pq admiro a maior parte dos professores que conheço fui ao Conselho Executivo e consegui inscrever-me para estar ao lado dos professores dos meus filhos dia 8, o que farei com a consciência que estou a ensinar aos meus filhos que devem sp lutar pelo q é justo e mostrar solidariedade. Não sou ingénua ao ponto de pensar que tudo está perfeito no sistema de ensino. Estou à beira de 1 ataque de nervos, pq percebo q tudo o q está a ser feito é 1 tentativa de denegrir o ensino público (ao qual eu e a minha família devemos gd parte do q somos e sabemos) e sobretudo um achincalhar de 1 classe profissional que me merece enorme respeito. Isto n quer dizer q nós, enc. de Educação nos calemos qd nas escolas algo n está bem. Devemos conversar, tentar chegar a 1 entendimento e batermo-nos pela escola pública de qualidade a q temos direito. Isso consegue-se indo à escola, conversando com os intervenientes neste processo e ficando do lado da razão. Quem está devidamente informado terá que ficar do lado dos professores e contra o ME, pelo bem dos nossos filhos e da sociedade em geral. Dia 8 lá estarei!


Por mãe à beira de 1 ataque de nervos, Coimbra. No PÚBLICO on-line.

Monday, October 20, 2008

OBJECTIVOS...

NÃO TENHO POSTADO NADA ÚLTIMAMENTE PORQUE ENTRE PLANIFICAÇÕES E MAIS PLANIFICAÇÕES E GRELHAS E MAIS GRELHAS DE OBJECTIVOS O TEMPO NÃO DÁ PARA MAIS NADA...RESOLVI AGORA PARTILHAR CONVOSCO ESTA LISTA DE OBJECTIVOS INDIVIDUAIS...QUE CHEGOU VIA MAIL...

FICHA PREENCHIDA (PARA COPY-PASTE) – AUTO AVALIAÇÃO
Nome do avaliado – PROFESSORA …Categoria - Titular do seu narizDepartamento Curricular - Língua Portuguesa e Literaturas 1. Como avalia o cumprimento do serviço lectivo e dos seus objectivos individuais estabelecidos neste âmbito?
Avalio com um EXCELENTE. Cá vou vindo todos os dias, como faço há quatro décadas… com a pasta recheada de manuais, livros, dicionários, prontuários, gramáticas, fichas, cadernos, lápis e canetas, uma pen de 4 GB e caneta felpuda para o quadro branco que há nos contentores. Trago a lancheira, uns maços de tabaco, PROZAC e, às vezes, o PC portátil. E trago uns óculos para ver perto (para longe não uso, apesar das cataratas, sou vaidosa…), trago sempre a cabeça entre as orelhas, mãos, braços, pernas e tudo o mais que me faz falta neste domínio. Excelente.

2. Como avalia o seu trabalho no âmbito da preparação e organização das actividades lectivas? Identifique sumariamente os recursos e instrumentos utilizados e os respectivos objectivos.

Avalio com um excelente. Utilizo todos os recursos supracitados com grande mestria, inclusive as TIC, PPS, PPT, PDFs, Scribd, Word, Excel, Moodle, blogues, data-show, Dvds, Cds de todos os tamanhos e Bics de todas as cores. Só me falta usar mais o quadro interactivo e comprar um Migalhões para guardar o lanche que trago de casa, pois ainda não sou de ferro e na minha idade preciso alimentar-me de forma mais saudável do que engolir cafés em todos os intervalos.

3. Como avalia a concretização das actividades lectivas e o cumprimento dos objectivos de aprendizagem dos seus alunos? Identifique as principais dificuldades e as estratégias que usou para as superar.

As actividades lectivas concretizam-se de modo excelente. Entramos e saímos vivos e contentes, apesar da falta de espaço, das obras, da poeira, das salas de aula em contentores, da falta de ar circulante, do amianto em cima das cabeças. E segue o baile. Dos objectivos de aprendizagem dos meus alunos, pois eles que falem! Às vezes doem-me as "cruzes" pois já me custa carregar com a tralha toda já referida, mas os alunos, por enquanto, vão ajudando. Excelente.


4. Como avalia a relação pedagógica que estabeleceu com os seus alunos e o conhecimento que tem de cada um deles?

Excelente. Apesar de me terem trocado as voltas, de me terem tirado turmas e alunos de continuidade e de me terem dado sessenta e dois novos (ôps… será que foi uma homenagem à minha idade?), para lá dos que já tinha, conhecemo-nos excelentemente. E, quanto à nossa relação, os meus alunos riem-se, muito mais do que choram, à minha beira. E estou certa de que aprendem comigo - ainda há dias, no intervalo, a fumar fora de portas os meus cigarros, uma aluna de doze anos correu para o meu lado e puxou ela também de um cigarro para me acompanhar no gesto. Até esta aprendizagem definida pela ASAE é integralmente cumprida.

5. Como avalia o apoio que prestou à aprendizagem dos seus alunos?
Excelente, também. E vou tendo sempre clientes nas aulas de reforço, apoio, substituições, salas de estudo... até no jardim em frente à escola a avaliar com os alunos os galhos das árvores que podem aguentar que se trepe, apoiando-os no exercício, ou a tentar apoiar e compreender a linguagem utilizada pelos jovens casais de alunos, sob as mesmas árvores, a exercitar experiências de natureza físico-química aprendidas nas aulas práticas …
6. Como avalia o trabalho que realizou no âmbito da avaliação das aprendizagens dos alunos? Identifique sumariamente os instrumentos que utilizou para essa avaliação e os respectivos objectivos.
Excelente. Estou sempre de olho neles e de ouvido alerta, memória de elefante e caderno mágico para anotações. Consegui preencher todas as grelhas das turmas do ensino regular e recorrente, conforme a legislação específica que muda a cada semana e que já tenho decorada, preenchi cuidadosamente o PIAV das oito turmas com todas as cruzes e percentagens, os cronogramas e as configurações da avaliação de todas as turmas, produzi planificações, relatórios disto e daquilo, consegui fazer todos os diagnósticos, reflexões e análises do APA, dos NEE, dos AOPES, do PEE, do PAA, de todos os PCP (planos curriculares de turma), do PQP (isto não sei bem o que é, mas preenchi…) conforme descrito nas actas de todos os Conselhos de Turma e reuniões de Departamento, Grupos, Minigrupos, etc. E, mais difícil ainda, consegui distribuí-los por níveis, só quatros e cincos no básico, assim como nas turmas do secundário, dezoitos e dezanoves pois o vinte é pra mim, que o mereço por ter contribuído com eficácia para as estatísticas ministeriais referentes ao sucesso educativo. Excelente.

7. Identifique a evolução dos resultados escolares dos seus alunos. Avalie o seu contributo para a sua melhoria e o cumprimento dos objectivos individuais estabelecidos neste âmbito.
Excelente. Este ponto descreverei detalhadamente apenas no final do ano, mas atendendo a que esta escola não costuma ficar bem colocada nos rankings, posso contribuir para essa melhoria e ir dizendo antecipadamente, com alguma alegria, que a maior parte dos alunos do 11º e 12º anos já consegue ler, e quase todos já escrevem frases utilizando a letra maiúscula no início, apesar das enormes dificuldades com a pontuação e a troca dos B pelo V e bice-bersa.
Apesar de nunca lerem as obras obrigatórias, é notável a ampliação vocabular que revelam devido aos hábitos de aprendizagem adquiridos através dos “Morangos com Açúcar”, obra-prima que pode servir como exemplo de prática inovadora e motivadora, ao invés da leitura de “Os Lusíadas” ou do “Memorial do Convento”, obras impostas pelo M.E. e que são a verdadeira causa dos maus resultados desta escola nos exames. Caso esse factor seja objecto de alteração pelo M.E., posso afirmar desde já que os resultados serão excelentes, assim como eu. Excelente.


Mf

Friday, September 12, 2008

E MAIS UM ANO LECTIVO QUE COMEÇA...

E COM TANTAS PRESSÕES, INCERTEZAS E INJUSTIÇAS...

Friday, June 13, 2008

JUNHO...NA QUINTA!

 

TARDOU...MAS DEU FINALMENTE O SEU AR DE GRAÇA...FALO DA PRIMAVERA; CLARO!
Posted by Picasa

Wednesday, May 7, 2008

Wednesday, April 16, 2008

SOBRE EDUCAÇÃO EM PORTUGAL!

ALICE VIEIRA (ESCRITORA) ESCREVEU...

"Desculpem se trago hoje à baila a história da professora agredida pela aluna, numa escola do Porto, um caso de que já toda a gente falou, mas estive longe da civilização por uns dias e, diante de tudo o que agora vi e ouvi (sim, também vi o vídeo), palavra que a única coisa que acho verdadeiramente espantosa é o espanto das pessoas.

Só quem não tem entrado numa escola nestes últimos anos, só quem não contacta com gente desta idade, só quem não anda nas ruas nem nos transportes públicos, só quem nunca viu os "Morangos com açúcar", só quem tem andado completamente cego (e surdo) de todo é que pode ter ficado surpreendido.

Se isto fosse o caso isolado de uma aluna que tivesse ultrapassado todos os limites e agredido uma professora pelo mais fútil dos motivos - bem estaríamos nós! Haveria um culpado, haveria um castigo, e o caso arrumava-se.

Mas casos destes existem pelas escolas do país inteiro. (Só mesmo a sr.ª ministra - que não entra numa escola sem avisar…- é que tem coragem de afirmar que não existe violência nas escolas…)

Este caso só é mais importante do que outros porque apareceu em vídeo, e foi levado à televisão, e agora sim, agora sabemos finalmente que a violência existe!

O pior é que isto não tem apenas a ver com uma aluna, ou com uma professora, ou com uma escola, ou com um estrato social.

Isto tem a ver com qualquer coisa de muito mais profundo e muito mais assustador.

Isto tem a ver com a espécie de geração que estamos a criar.

Há anos que as nossas crianças não são educadas por pessoas. Há anos que as nossas crianças são educadas por ecrãs.

E o vidro não cria empatia. A empatia só se cria se, diante dos nossos olhos, tivermos outros olhos, se tivermos um rosto humano.

E por isso as nossas crianças crescem sem emoções, crescem frias por dentro, sem um olhar para os outros que as rodeiam.

Durante anos, foram criadas na ilusão de que tudo lhes era permitido.

Durante anos, foram criadas na ilusão de que a vida era uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dava trabalho.

E durante anos os pais e os professores foram deixando que isto acontecesse.

A aluna que agrediu esta professora (e onde estavam as auxiliares-não-sei-de-quê, que dantes se chamavam contínuas, que não deram por aquela barulheira e nem sequer se lembraram de abrir a porta da sala para ver o que se passava?) é a mesma que empurra um velho no autocarro, ou o insulta com palavrões de carroceiro (que me perdoem os carroceiros), ou espeta um gelado na cara de uma (outra) professora, e muitas outras coisas igualmente verdadeiras que se passam todos os dias.

A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar.

A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de comportamento.

E eles vão continuando a viver, desumanizados, diante de um ecrã.

E nós deixamos."

In Jornal de Notícias, 30.3.2008

Saturday, April 5, 2008

CARTA DE UMA ENCARREGADA DE EDUCAÇÃO

CHEGOU-ME ESTE TEXTO POR MAIL QUE EU ACHEI MUITO ENGRAÇADO...ESPELHA BEM O QUE SE PASSA HOJE EM DIA EM MATÉRIA DE EDUCAÇÃO!

CARTA DE AGRADECIMENTO



"Logo depois de ter lido aqueles documentos sobre a avaliação dos professores, pensei como lhe deveria agradecer, Srª Ministra. Afinal, aquelas horas passadas diariamente junto do meu filho a verificar se os cadernos e as fichas estavam bem organizados, a preparar a mochila e as matérias a estudar para o dia seguinte, a folhear a caderneta escolar, a analisar e a assinar os trabalhos e os testes realizados nas muitas disciplinas, a curar a inflamação de uma garganta dorida pela voz de comando "Vai estudar!" ou pela frase insistentemente repetida, de 2ª a 6ª feira:"DESPACHA-TE! AINDA CHEGAS ATRASADO!" ou o incómodo e o tempo perdido para o levar diariamente à Escola, percorrendo, mais cedo do que seria necessário, um caminho contrário àquele que me conduziria ao meu emprego, tinham finalmente, os seus dias contados. Doravante, essa responsabilidade passaria para a Escola e, individualmente, para cada um dos seus professores. Finalmente, poderei ir ao cinema, dar dois dedos de conversa no Café do Sr. Artur, trocar umas receitinhas com a minha vizinha (está entrevadinha, coitadinha!) ou acomodar-me deliciosamente no sofá da sala a ver a minha telenovela brasileira preferida.

O rapaz ainda me alertou para os efeitos das faltas o conduzirem à realização de uma prova de recuperação. Fiz contas e encolhi os ombros - poupo gasóleo e muitos minutos de caminho, de tráfego e de ajuntamentos. Afinal, ele até é esperto e, se calhar, na internet, encontra alguns trabalhos ou testes já feitos... Sempre pode fazer "copy - paste"... Efectivamente, as provas de recuperação parecem-me a melhor solução para acabar com a minha asfixia matinal e vespertina. Ontem, a minha vizinha da frente, que tem dois ganapos na escola do meu, disse-me que, se ele continuar a faltar, o vêm buscar a casa, e que, no próximo ano lectivo, os professores vão tomar conta deles depois das aulas.

Oiro sobre azul. Obrigada, Srª Ministra. A Senhora é que percebe desta coisa de ser mãe! A Senhora desculpe a minha ousadia, mas será que também não seria possível fazer uma lei para os miúdos poderem ficar a dormir na escola? Bastava mandar retirar as mesas e cadeiras das salas de aula e substituí-las por beliches, à noite. De manhã, era só desmontar e voltar a arrumar. Têm bar, cantina e até duche. Com jeito, eles ainda aprendiam alguma coisinha sobre tarefas domésticas, porque, em casa, não os podemos obrigar a fazer nada ou somos acusados de exploradores do trabalho infantil com a ameaça dos putos ainda poderem apresentar queixa junto das autoridades policiais.

Ao Sábado, Srª Ministra, podiam ocupá-los com actividades desportivas ou de grupo, teatro, catequese, escuteiros, defesa pessoal...

O ideal mesmo era que os pudéssemos ir buscar ao Domingo, só para não se esquecerem dos rostos familiares.


O meu medo, Srª Ministra é aquela ideia que a minha vizinha Sandrinha, aquela dos três ganapos, comentava hoje comigo. Dizia-me que a Senhora Ministra quer criar o ensino doméstico. Eu acho que ela deve ter ouvido mal ou então confundiu o jornal da SIC com aquele programa da troca de casais do canal 24. Eu acho que isso não vinga em Portugal, porque não temos a extensão de uma América do Norte ou de uma Austrália e, por outro lado, tinha que comprar e equipar os VEI (veículos de educação itinerante), o que iria agravar mais o deficit das contas públicas e o insucesso dos nossos miúdos. Foi isso eu disse à Sandrinha. Acho que ela deve estar enganada. Logo agora, que podemos respirar de alívio porque não temos que nos preocupar com a escola dos garotos, essa ideia vinha destruir tudo, porque os obrigava a ficar em casa para receberem os VEI e aos pais ainda iria ser exigido algum acompanhamento.

A Senhora faça é aquilo que decidiu e não oiça o que os inimigos dos pais e das mães lhe tentam dizer (já agora, lembre-se da minha sugestãozita!). Assim, os professores, com medo da sua própria avaliação, passam a dar boas notas e a passar todos os miúdos e, desta forma, o nosso país varre o lixo para debaixo do tapete, porque é muito feio e incomodativo mostrarmos, lá fora, que somos menos capacitados que os nossos "hermanos" europeus.


Uma mãe e encarregada de educação agradecida"

Thursday, March 27, 2008

Wednesday, March 26, 2008

TRISTEZA...


Um belo texto de Maria João Teles
*Tristeza*
… fiquei muito surpreendida quando, esta manhã, acordei com uma vontade intensa de procurar o endereço do meu blog ( até me esqueço dele!) e desabafar.
Desabafar porque a tristeza que tem tomado conta de mim, nos últimos tempos, já não se contenta em ser verbalizada com alguns colegas de trabalho (poucos!) que, infelizmente, vão partilhando estes sentimentos de desalento e angústia.

Desabafar porque estou a sentir-me inútil, enxovalhada, descartável e uma peça partida de um jogo de xadrez qualquer, jogado por aprendizes dessa arte ancestral e que requer tanto inteligência como habilidade. Ou será que se tratam antes de foliões que, num pub rasca qualquer, vão atirando dardos a um alvo para passarem o tempo? Desabafar porque, quando me perguntam qual é a minha profissão, eu já não sei se devo responder orgulhosamente …
"Sou professora!"
ou, em vez disso, "Faço parte de uma companhia circense e, conforme o dia, vou sendo a mulher-palhaço, contorcionista, malabarista, domadora de feras.. Olhem!
Acumulo funções!"

Aproximam-se a passos largos os meus quarenta e três anos. Desde os seis que estou ligada ao ensino. Nunca cheguei a sair da escola. Fui aluna e depois professora. Comecei a leccionar ainda como estudante universitária e esta profissão faz parte de mim como a minha pele. No entanto, hoje sinto-me como uma cobra: com uma urgente necessidade de a mudar e arranjar uma nova.
Pela primeira vez, questiono a sabedoria da escolha que fiz relativamente à minha profissão. Escolha consciente, diga-se em abono da verdade...a culpa foi toda minha, ninguém me obrigou e pessoas avisadas bem me alertaram. Mas, também existiam outras que pensavam de forma diferente. Relembro nomes de antigos professores... daqueles que, por si só, já eram uma aula e não precisavam de recorrer a metodologias e estratégias inovadoras (já agora...se alguém souber de alguma que ainda não tenha sido tentada, não seja egoísta e partilhe-a comigo...eu já não consigo inventar mais!). Recordo como esses professores me incentivaram a seguir esta carreira-"Foste feita para ensinar, miúda! Vai em frente!"- e como um deles, quando o encontrei já bem velhote, comentou com um sorriso "Eu bem sabia! Sempre lá esteve o bichinho!" Que diriam, todos os meus professores que já partiram, sobre tanto decreto regulamentar que, em vagas sucessivas, vai transformando a nossa Escola e os seus professores num circo de muito má qualidade, cheio de artistas
saturados, humilhados, mal pagos e fartos de trabalharem num trapézio sem rede?
Sou regulada por um Ministério que espera que eu seja animadora cultural, psicóloga, socióloga, burocrata, legisladora, boa samaritana, mãe substituta... Espera-se que tenha doses industriais de paciência e boa vontade, que me permitam aguentar a falta de educação de meninos mal formados, de meninos dos papás, de meninos que estão na escola apenas porque não têm ainda idade para trabalhar (porque bom corpo isso têm!), de meninos que estão na escola a enganar os pais, que até se deixam enganar por conveniência, de meninos que frequentam os Cursos de Educação e Formação e os Profissionais porque acham que é uma forma de fazer turismo com os livros debaixo do braço (desculpem, enganei-me...vou rectificar- "sem os livros debaixo do braço"), de meninos que vêm para a escola para não deixarem que outros meninos, estes últimos sim, com aspirações e provas dadas, possam seguir em frente até serem os homens que os primeiros nem sequer conseguem projectar mentalmente... Além disso, tenho reuniões: de departamento, de conselho de turma, de equipa pedagógica, de Assembleia de Escola (pois foi...também caí na patetice de aceitar presidir a este órgão...mais uma vez a culpa foi minha, pois pessoas avisadas bem me alertaram!), de grupos ad-hoc, de reuniões para decidir quando faremos mais reuniões... Tenho legislação para ler.
Labirintos de artigos em que o próprio Minotauro marraria vez após vez num ataque de fúria! Um dédalo legislativo, no qual nem Teseu conseguiria encontrar a ponta do fio. Há papelada para preencher. Pautas dos profissionais, grelhas de observação para cada um dos alunos, registos das actividades de remediação... Não esquecer a reposição de aulas. As dos alunos que faltam por doença, por namoro, por jogo dos matraquilhos...desde que a justificação do Encarregado de Educação seja aceite, lá tenho eu de arranjar actividades de remediação para quem não quer ser remediado! Proibi a mim própria adoecer, visto que também tenho de repor essas aulas, mais as das greves, as das visitas de estudo dos alunos nas quais a minha disciplina não participa ( mesmo estando eu a cumprir o meu horário na escola...não faz mal, depois ofereço um bloco ou dois de noventa minutos gratuitamente!), as das minhas ausências em serviço oficial... A questão é saber quando e como vou repor essas aulas, dado que o meu horário e o dos alunos é incompatível durante os períodos lectivos! Claro que isso não faz mal: dou dias das minhas férias! Afinal, não consta por aí que os professores estão sempre a descansar? Tenho aulas para preparar. Testes e trabalhos para corrigir. Devo investir na minha formação. Quando? Como? Onde? E isto é a ponta de um rolo de lã que, bem aproveitadinho, dava uma camisola e pêras! Ou então uma camisa de onze varas! Fazendo o ponto da situação, sobra-me pouco tempo para aquilo que gosto realmente: ensinar. Pouco tempo para aquilo que me dá prazer: fazer circular o conhecimento. Pouco tempo para conseguir que esse conhecimento ocupe o espaço que, na maioria dos casos, é ocupado por uma crassa ignorância. Agora, dizem-me que vou ser avaliada ( tudo bem, não tenho nada contra o ser avaliada...talvez assim, com as novas emoções, eu descongele, pois há tanto tempo que estou no frigorífico laboral!), mas parece-me que vou voltar a uma espécie de estágio ainda pior do que aquele que enfrentei há dezassete anos atrás.
Tenho receio que as escolas se transformem num circo ainda maior. Um circo de palhaços ricos e palhaços pobres. Um circo de compadrios e vingançazinhas pessoais. Um circo em que uma meia dúzia de artistas vai andar vestido de lantejoulas e seguido de cãezinhos amestrados, uma outra meia dúzia vai tornar-se perita na arte do contorcionismo, para evitar obstáculos, e a grande maioria da companhia vai ter de engolir fogo para o resto da vida profissional. Ah! Não posso esquecer que, se tudo correr de feição a este Ministério da Deseducação, até o senhor Zé da padaria vai poder presidir a um órgão de gestão das escolas.
Esta não é a profissão para a qual eu me preparei anos a fio. Por isso, estou triste. Estou triste. E não escrevi sobre tudo a que tinha direito. E esta tristeza, para que eu a consiga despejar convenientemente, tem de ser escrita, gravada com letras...não me chega falar dela.
Até porque, ultimamente, também já não me apetece falar.

CONCORDO TOTALMENTE...É COMO EU ME SINTO APÓS DEZASSETE ANOS DE ENSINO E AO FAZER 41 ANOS DE IDADE!

Thursday, March 20, 2008

FINALMENTE... ALGUÉM NOS ENTENDE

"Ontem visitei uma escola no concelho de Sintra. Era a "semana da leitura"
Numa escola cuja biblioteca está permanentemente aberta das 08h00 às 22h00 por devoção dos seus professores. Os de várias disciplinas, de Português a Educação Física e Geometria - cada um faz uma escala para garantir um dos objectivos internos da própria escola: mantê-la aberta nesse período. Havia alunos a ajudar no bar e no refeitório, porque não há pessoal suficiente. Alunos, funcionários administrativos e professores promoveram uma maratona de leitura. A ministra da educação pede a estes professores para "trabalharem mais um pouco", coisa que eles já fazem há bastante tempo; ouvi alunos portugueses, africanos, indianos, do Leste europeu, a falar com orgulho da sua escola. Falando com eles, um a um, percebe-se entusiasmo. Percebo pela blogosfera uma grande vontade de fazer "justiça pelas próprias mãos" aos professores, mas vejo poucas pessoas com disponibilidade para ouvi-los nos corredores das escolas, quando fazem turnos de limpeza, quando atendem alunos em dificuldade ou fazem escalas para ensino do Português como língua estrangeira para rapazes ucranianos ou indianos que não entendem sequer o alfabeto ocidental, ou quando tratam dos problemas pessoais de alguns deles (ou porque não tomam o pequeno-almoço em casa, ou têm dificuldade em aceitar um namoro desfeito, ou andam na droga). Os professores, estes professores, são um dos últimos elos (percebe-se isso tão bem) entre os miúdos e miúdas desorientados e um mundo que é geralmente ingrato. São avaliados todos os dias pelo ambiente escolar, pelo ruído da rua, pelas horas de atendimento, pelas reuniões que o ME não suspeita. Muitas vezes, as famílias não sabem o ano que os miúdos frequentam; não sabem quantas faltas eles deram; não sabem se os filhos estão de ressaca. Os professores sabem.
Essa vontade de disciplinar os professores, eu percebo-a. Durante trinta anos, uma série de funcionários que abundou "pelos corredores do ME" (gosto da expressão, eu sei), decretou e planeou coisas inenarráveis para as escolas – sem as visitar, sem as conhecer, ignorando que essa geringonça de "planeamento","objectivos", princípios pedagógicos modernos, funcionava muito bem nas suas cabecinhas mas que era necessário testar tudo nas escolas, que não podem ser laboratórios para experiências engenhosas.
Muitos professores foram desmotivados ao longo destes anos. Ou porque os processos disciplinares eram longos depois de uma agressão (o ME ignora que esses processos devem ser rápidos e decisivos), ou porque ninguém sabe como a TLEBS é aplicada. Ninguém, que eu tivesse ouvido nas escolas onde vou, discordou da necessidade avaliação. Mas eu agradecia que se avaliasse também o trabalho do ME durante estes últimos anos; que se avaliasse o quanto o ME trabalhou para dificultar a vida nas escolas com medidas insensatas, inadequadas e incompreensíveis; que se avalie a qualidade dos programas de ensino e a sua linguagem imprópria e incompreensível. Sou e sempre fui dos primeiros a pedir avaliação aos professores, porque é uma exigência democrática e que pode ajudar a melhorar a qualidade do ensino. Mas é fácil escolher os Professores como bodes expiatórios de toda a desgraça "do sistema", como se tivessem sido eles a deixar apodrecer as escolas ou a introduzir reformas sobre reformas, a maior parte delas abandonadas uns anos depois. Por isso, quando pedirem "justiça", e"disciplina" e "rigor" (coisas elementares), não se esqueçam de visitar as escolas, de ver como é a vida dos professores, porque creio que se confunde em demasia aquilo que é "o mundo dos professores" com a imagem pública de um sistema desorganizado, oportunista e feito para produzir estatísticas boas para a propaganda."

Francisco José Viegas

Tuesday, March 11, 2008

"AS REGALIAS DA CARREIRA DE PROFESSOR"

Vamos exigir as 35 horas na Escola!!!
Recebi esta mensagem e quero partilhar convosco...
Aos meus colegas professores espalhem-na para ver se algumas coisas são esclarecidas...
Alguns comentários de colegas sobre a perseguição aos prof's (afinal, os GRANDES culpados do estado do ENSINO em Portugal)Porque não mudamos de agulha?!
Vamos passar a exigir as 35 horas semanais... Assim a nossa sociedade não pode acusar os professores de trabalharem pouco... "Pois eles até se queixam! Querem trabalhar 35 horas... só pode ser porque REALMENTE trabalham mais".
Os pais deverão passar a perceber melhor o que se passa...Há muitos que realmente não se preocupam com o trabalho que fazem e quanto menos melhor. Mas desses há em todas as profissões!O que quero é trabalhar 35 horas e não me preocupar mais com a escola.
Porque, se a ideia for as 35 horas MAIS não sei quantas fora de horas então que nos paguem para isso, pois não há dúvida que os "gordos" vencimentos que nos pagam são para 35 horas.Então vai ser o bom e o bonito: "Tenham paciência, mas não trago os testes!
É que os computadores estiveram toda a semana ocupados por outros colegas. Fiquei até à hora de sair a olhar para as moscas porque não tinha onde trabalhar (o portátil é MEU, é para actividades de lazer, a escola não mo ofereceu!).
Depois fui passear com a família. Estava fora das 35 horas.
Vamos ver se para a semana temos mais sorte!"Ou então: -"O Stora!!! Outra vez o mesmo CD???”- “Tenham lá paciência. Mas já requisitei outros no ano passado (iguaizinhos a uns que comprei para me entreter enquanto brinco com os meus filhos depois das 35 horas). Ainda estou à espera. Mas esta música é muito interessante, ora vamos lá abordá-la de uma outra forma, de certeza vocês vão gostar muito." (É que os professores que não tiverem imaginação e uma atitude muito positiva, não são bons profissionais).
Ou ainda: "Desculpem lá, mas vou ao cinema com a minha mulher! São 17h e não posso continuar nesta reunião!" (Claro que posso ser obrigado a isso, se pagarem as horas extraordinárias ou um suplemento de isenção de horário!")Já agora... e a propagada necessidade de formação contínua, de actualização??? No meu tempo familiar??? NEM PENSAR!!! Só nas desejadas 35 horas!!!!EU QUERO UM HORÁRIO DE 35 HORAS E ORGANIZAR A MINHA VIDA PROFISSIONAL À VOLTA DESSAS 35 HORAS!!!!
Exijo que me obriguem a estar na escola 35 horas, e mais nada! Ou então calem-se e não me falem mais nisso pois, com jeitinho, pego num cronómetro e passo a impor-me 35 horas, mesmo que não mo obriguem!!!Não gozem comigo! A sério, vamos pedir as 35 horas!
Já agora, gostava de ver um estudo comparativo, sério, entre diferentes carreiras de licenciados. Horários, remunerações, sistemas de saúde, etc. Também gostava REALMENTE de saber que raio de privilégios é que tenho!
É que se me parece que a nossa carreira é uma aberração, com um topo decente, mas uma metade inicial uma anedota, seria interessante saber e não só parecer.E para acabar, porque será que de uma profissão que dizem tão privilegiada, também dizem que só a têm aqueles que não encontram mais nada???Gostava de perceber, mas sou professor, não chego lá!
Eu também quero trabalhar as 35 horas na escola! Mas quero mais... Quero tirar as férias em diferentes alturas do ano e não ter de gramar sempre o Agosto!!! Tudo tão caro nesse mês. Vou já escolher: quero uma semana em Março, outra em Novembro e duas semanas na 1ª quinzena de Julho! E vou vender o meu PC de casa porque vou conseguir fazer tudo na minha escola! Vai ser fantástico! Vamos todos lutar pelas 35 horas!
Eu também quero trabalhar as 35 horas na Escola. E, já que ficamos cada vez mais iguais aos outros funcionários públicos, também quero marcar férias fora do período que medeia entre 15/7 e 31/8 (ou uma semana além, por causa do Serviço de Exames). É que fora desse período gozo melhor as férias: - há menos gente e tudo sai mais económico.
Quero também deixar de ter o porta-bagagens do meu carro transformado num escritório ambulante, carregando testes, apontamentos e livros de casa para a Escola e vice-versa. Também quero poupar nos tinteiros para a impressora, nas resmas de papel e na energia eléctrica que gasto em casa, à conta da necessidade de preparar aulas, instrumentos de avaliação, reuniões, etc.
E mais, quero almoçar a horas e com sossego. As sandes do bar da Sala dos Professores, ingeridas num curto espaço de tempo, já me estavam a fazer mal ao estômago. Também quero que as reuniões acabem a horas e não se prolonguem para além das 20 horas, já para não falar de alguns Pedagógicos em que a Ordem de Trabalhos traz assuntos mais complicados que vão para além dessa hora.
Quero sair à noite descansadamente, para tomar um café, sem pensar que ainda tenho alguns testes para corrigir, algumas notas a rever por causa das avaliações intercalares, etc...Vamos exigir as 35 horas na Escola!!!Eu também quero as 35 horas na escola, e não ter que me preocupar com o trabalho quando estou em casa.TAMBEM NÂO ME QUERO PREOCUPAR COM AS 3HORAS DE VIAGENS QUE FAÇO TODOS OS DIAS DE ESCOLA PRA CASA E DE CASA PARA A ESCOLA, E TER A REGALIA DE GASTAR UMA PIPA DE MASSA PARA ME DESLOCAR DE QUE ME POSSO QUEIXAR EU...ATÉ TENHO QUE TRABALHAR AOS SABADOS DURANTETODO O DIA COM O DESPORTO ESCOLAR E ME DOU AO LUXO DE NADA RECEBER PARA ISSO...

Friday, February 29, 2008

VIDA DE PROF....


NÃO FOI ESCRITO POR MIM...MAS É COMO SE TIVESSE SIDO!CORROBORO CADA PALAVRA...



"Agora que o ano começa,

e para que comece bem,

vou fazer uma promessa

ao meu pai e à minha mãe:
Cumprirei os cem por cento do meu serviço lectivo,

os mui nobres objectivos do apoio educativo,

o serviço não lectivo,sempre de olho bem vivo,

para ter pontuação máxima do conselho executivo.
Serei a melhor a melhorar,os resultados de alunos,

e nunca mais dormirei,

se isso significar, provar por A+Bque sou eu quem mais consegue abandonos evitar.
E ainda, coisa pouca,vou participar que nem louca, na vida do agrupamento,

actividades e festas,

projectos curriculares,

extracurriculares,tudo o que me ordenem chefes e titulares,andarei em roda - viva,

somando pontos à toa, não quero que nada me escape,

que eu cá sou muito boa

e bem pouco dada a ais,quando defino e cumpro objectivos pessoais.
Serei moça empenhada,cheia de qualidade na minha participação, e não haverá nenhum chefe

que não repare em mime em tod'esta dedicação.
Já nos órgãos de gestão,estruturas de orientação,função de avaliador,de mestre coordenador, pontitos não posso ter...

não quis ser titular e portanto por aí,não há nada a fazer

(mas livro - me, sim senhor,de ser bem investigada,com pormenor e rigor,pelo senhor inspector).
Promessas p'rá formação,não sei se as posso fazer,com o trabalho do mestrado

não me sobra qualquer tempo,mesmo que durma pouco e ande sempre a correr...



Mas tentarei, ind'assim, ter máxima pontuação,na avaliação de projectos,dos de investigação,cheios de inovação da coisa educativa,

que eu por mais que me sufoquem,esbracejo e venho à tona,tentando ser criativa.
Prometo relacionar-me,com toda a cordialidade,com todos e mais alguns,escola e comunidade,ter sempre o máximo dos pontos,

sorrir a sérios e tontos,desenvolver contra a náusea, tod'a minha imunidade.
E preparar, organizar,realizar as actividades lectivas,

para que o chefe me dê,sempre sem hesitar,

os quatro máximos pontos,

seja qual for o parâmetro que esteja a considerar,

cumprir objectivos, programas,tudo correcto sem falhas,

disfarçando bem as gralhas,

usar muitos materiais,ter em ordem dossiers e estimular tudo mais,

mesmo agora sem ter tempo para as aulas preparar.

E para ele me pontuar,maximizando o número,a relação pedagógica,nas aulas que for visitar,e se convencer também que sou boa a avaliar,recorrerei ao açúcar, chocolates, rebuçados, gelados e mais recompensas,promessas e ameaças,feitiços e outras graças...

que eu não sou de brincadeiras,ou bem que os miúdos ajudam,p'ra ninguém me mal grelhar,ou bem que se fritam eles se não querem ajudar.
E na auto - avaliação

direi o melhor de mim(que se a gente não se amar,quem de nós irá gostar tanto tanto tanto assim?).
No fim de tudo isto,se não garantir um excelente, porque não há lugar na cota e é inconveniente,morderei de novo a raiva,farei um sorriso contente(será melhor prevenir),

despeço - me por mais dois anos,na esperança do que há - de vir, que a coisa definhe e morra

de enfarte e estupidez e que eu sobreviva à dita,

sem ter ferido o amor que aqui me trouxe e me fez(de alma e coração,acordada e alerta,contra todos os absurdos, sem me vergar com a dor)

defender com toda a força,a coisa séria que é isto de ser professor.
Agora que o ano começa,e para que comece bem,vou fazer uma promessa ao meu pai e à minha mãe:
Prometo ser forte e lutar

para que o pesadelo descrito

não me afogue a inteligência,

não me contamine o corpo,não me deforme o sorriso,
nem me impeça de sonhar..."


Autora: Teresa Marques Prof. de Matemática

Friday, January 18, 2008

VIDA DIFÍCIL... A DE ADULTO!


"Dizem que todos os dias temos que comer uma maçã para o ferro e uma banana para o potássio.
Também uma laranja, para a vitamina C, meio melão para melhorar a digestão e uma chávena de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias temos que beber dois litros de água (sim, e logo a seguir mijá-los, o que leva quase o dobro do tempo que os levei a beber).
Todos os dias temos que tomar um Activia ou um iogurte para ter 'L-Cassei Defensis', que ninguém sabe exactamente que merda é que é, mas parece que se não ingeres um milhão e meio todos os dias, começas a ver toda a gente com uma grande diarreia ou presos dos intestinos.
Cada dia uma aspirina, para prevenir os enfartes mais um copo de vinho tinto, para a mesma coisa.
E outro de vinho branco, para o sistema nervoso.
E um de cerveja, que já não me lembro para que era.
Se os tomares todos juntos, mesmo que te dê um derrame cerebral ali mesmo não te preocupes, pois o mais certo é que nem te dês conta disso.
Todos os dias tens que comer fibras. Muita, muitíssima fibra até que sejas capaz de defecar uma camisola bem grossa.
Tens que fazer quatro a seis refeições diárias leves sem te esqueceres de mastigar cem vezes cada garfada.
Ora, fazendo um pequeno cálculo, apenas a comer vão-se assim de repente umas cinco horitas. Ah, depois de cada refeição deves escovar bem os dentes, ou seja: depois do Activia e da fibra, os dentes, depois da maçã, os dentes, depois da banana, os dentes, e assim, enquanto tiveres dentes sem te esqueceres nunca de passar o fio dental massajador das gengivas e bochechar com PLAX...
Melhor, amplifica a casa de banho e põe lá uma aparelhagem de música, porque entre a água, a fibra e os dentes vais passar horas, quase metade do dia ali dentro. Equipa-o também de jornais e revistas, para te pores a par do que se passa enquanto estás sentado na sanita.
Temos que dormir oito horas e trabalhar outras oito, mais as cinco que usamos a comer, faz vinte e uma.
Restam três horas
, sempre que não surja algum imprevisto.
Segundo as estatísticas, vemos três horas de televisão diárias.
Bem, já não podes, porque todos os dias devemos caminhar pelo menos uma meia hora (dado por experiência: ao fim de 15 minutos regressa, senão andas mas é uma hora!)
E há que cuidar das amizades porque são como uma planta: temos que as regar diariamente. E quando vais de férias também, suponho, senão as plantas morrem.
Para além disso há que estar bem informado e ler pelo menos um dos jornais diários e outro de uma revista séria para comparar a informação.
Ah! E temos que ter sexo todos os dias mas sem caír na rotina: temos que ser inovadores, criativos, renovar a sedução. E isso leva o seu tempo…..
E já nem estamos a falar do sexo tântrico!! ( A respeito disso, relembro: depois de cada refeição temos que escovar os dentes!)
Também temos que arranjar tempo para a maquilhagem, a depilação/fazer a barba, varrer a casa, lavar a roupa, lavar os pratos……….
E já nem falo dos que têm gatos, cães pássaros e uma catrefada de filhos...
No total, a mim dá-me umas 29 horas diárias se nunca parar.
A única possibilidade que me ocorre é fazer várias destas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo; tomas duche com água fria e com a boca aberta, e assim bebes logo os dois litros de água de uma vez. Enquanto sais do banho com a escova de dentes na boca, vais fazendo o amor, (o sexo tântrico), parado junto ao teu mais que tudo, que de passagem, vê TV e te vai contando o que se passa, enquanto varres a casa.

Sobrou-te uma mão livre? Telefona aos teus amigos e aos teus pais!
Bebe o vinho (depois de telefonares aos teus pais vai fazer-te falta!).
O iogurte com a maçã pode dar-te o teu par enquanto ele come a banana com a Activia.
No dia seguinte troquem.
E menos-mal que já crescemos, porque senão tínhamos que engolir mais umas Cerelacs e um Danoninho Extra Cálcio todos os santos dias.
Ufa!
Mas se te restam 2 minutos, reenvia isto aos teus amigos (que temos que regar como as plantas) enquanto comes uma colherzinha de Muesli ou Al-Bran, que faz muito bem...
E agora vou deixar-te porque entre o iogurte, o meio melão o primeiro litro de água e a terceira refeição do dia, já não faço a mínima ideia o que é que estou a fazer porque preciso urgentemente de uma casa de banho.
Ah, aproveito e levo comigo a escova de dentes..."


anónimo da net

Tuesday, January 8, 2008

NOVO ANO...MAS TUDO IGUAL!

"Enquanto escrevo vai uma grande agitação por esse país fora. Dado o tumulto que o tema gera, supor-se-ia que se discutem assuntos sério como a sustentabilidade da Segurança Social. Mas na verdade não é o futuro da Segurança Social que se equaciona. Aliás, nem da Segurança Social nem de qualquer outra forma de segurança. Nesta matéria os cidadãos são obrigados a acreditar que a palavra governamental tem os poderes do verbo divino: a segurança existe, porque assim o diz o Governo. E ponto. Também poderíamos supor que a Pátria descobriu finalmente que fez mau negócio quando desistiu de exigir o socialismo ao PS. A separação entre o sonho - o socialismo, variante de cavaleiro andante surgido a cada campanha eleitoral - e o partido - espécie de grande loja por vezes muito mal frequentada mas muito bem afreguesada - tornou o PS na mais eficaz máquina de conquista do poder e controlo do aparelho de Estado em Portugal.
Não que os outros partidos não gostassem de fazer o mesmo, mas felizmente para nós ou não têm uma ideologia que o legitime - casos do PP e do PSD -, ou por causa da ideologia - caso do PCP - os portugueses olham com muito maior desconfiança a sua apropriação da máquina estatal. Com o PS nada disto acontece. Com o S de socialismo ganha as eleições. Com o P de partido governa. E o rosa, cor de fundo, tudo atenua e desculpa. De manhã os governantes PS são adeptos do mercado e por isso usam a CGD como coisa sua. Seguidamente fazem uma paragem para café - seguindo naturalmente os ditames da DGS sobre os pastelinhos saudáveis - enquanto preparam o anúncio do encerramente de serviços de saúde no interior, a par do aumento das receitas fiscais. A meio da tarde evocam as lutas académicas dos anos 60 antes de aprovarem a divulgação de mais uma lista negra de devedores e infractores. À noite os seus assessores confirmam nos últimos noticiários se se mantém eficaz a propaganda que garante que tudo isto não passa da "indispensável optimização de sinergias para salvar o Estado social". Um Estado tão perfeito que longe de nos garantir o que acreditávamos ser próprio dum Estado como a justiça, a defesa e a segurança, passou sim a procupar-se com aquilo que são as preocupações da sua nomenclatura: cobrar cada vez mais impostos, pois só estes geram as verbas suficientes para que a nomenclatura, à semelhança dos patrícios romanos, alimente os seus clientes e a sua plebe. O absurdo do politicamente correcto, as taxas, multas, coimas, entidades reguladoras a par das autoridades disto e daquilo encarregam-se de domesticar os mesmos cidadãos que é suposto constituírem a maioria dos contribuintes. Hoje a polícia andou em Portugal atrás de fumadores. Aos mesmos cafés onde não aparece em caso de assalto acorreu para levantar autos por causa duns cigarros. Loucura governamental? Nem pensar. Não só os ladrões não costumam pagar multas, como todo este totalitarismo sanitário nos reduz de cidadãos livres em criaturas de tal modo atarantadas com a lei que confundem a cidadania com um correcto índice de massa corporal. A legislação antitabágica é mais uma forma para em bom português dizer ao povinho para ir lá fora ver se chove... ou se alguém está a fumar. O povo tem ido"

autor anónimo a circular na net

E EU NEM SOU FUMADORA!